Todos que abandonam as alas médicas necessitam logo de algum tipo de amparo médico, assim escrevo.
A antena do lado de fora completa três semanas caída no telhado, minhas chaves pedem um chaveiro novo, e meu boné anda sumido pela casa. Não tenho tido pressa.
A vida não pergunta, acontece. Mudam aos montes pra minha vida, e fico sem lugar pra morar. Tenho sentido falta de ter falta, de me ocupar do vazio.
Alguns dias atrás estive em uma linha que poucos cruzam o desespero. O ar me faltou, meus dedos quebraram nas próprias mãos e meus ouvidos surdos dos meus próprios gritos, ninguém ainda sabe o que aconteceu. Os que viram fingem não saber, ninguém toca no assunto, talvez seja melhor assim. A sim.
