sexta-feira, 5 de junho de 2009

Serpente Serpentina

Quando mais longe formos, mais perto de não voltar estamos.
O amor não precisa do meio, ali na metade que as coisas começam a falhar, surgem os planos, as promessas, as dividas e tudo fica sendo dor de cabeça. O amor quando não é nem fim e nem começo te obriga a querer casamento, financiamento, casa própria e filmes alugados.
Nenhum canto é mais só seu, nenhum aparelho de barbear é individualmente seu, o carrinho de supermercado acostumado com a dieta cerveja-torresmo-picanha agora carrega coisas que o seu dinheiro não foi feito pra gastar.
As suas roupas são mais coloridas, o seu intestino precisa de Danone, tudo que come é light e vem com queijo branco. É tanto suco de soja que você bêbado disso pergunta em que corredor do supermercado a linha que dividia os dois seres acabou? Aonde começa ela e termina você?
Saiba que o amor é fevereiro! O mês mais curto do calendário e o mais longo na Bahia, vinte oito dias, quiçá vinte e nove dias pro amor vestir a fantasia da paixão e acontecer, as preocupações prorrogadas até novembro, aí só falta um mês pro ano terminar. Quanto mais anos, mais o amor não é amor, uma forma de aniversário que não se apagam velas, só o coração.
Então se o amor tivesse apenas o começo e o fim, seriamos mais felizes? A paixão nasceria no sábado à noite, conheceríamos a sogra no domingo do casamento, começaríamos a semana em Lua de mel, na terça reclamaríamos aos amigos que ela não é mais a mesma, na quarta discutiríamos a relação e brigaríamos feio, na quinta ela volta pra casa da mãe e o pai liga cobrando o dinheiro emprestado, na sexta nos divorciaríamos e mandaria ela pro inferno. Oh céus, a vida seria mais prática, rápida e objetiva. Se o meu coração fosse americano, comeria apenas em Fast-Food.