quinta-feira, 14 de setembro de 2006

O ultimo sabado.



Era mais um sábado na vida daquele casal, que estacionara no restaurante mais próximo para evitar um maior tempo a sós no carro, ela andava sempre três passos a frente dele, entraram no restaurante de mãos não dadas, ela se sentou na mesa mais longe de todos,em cinco minutos esta era a terceira vez que ia ao banheiro,e voltava sempre maquiada de tristeza,e com a face molhada.Ele ainda brincava com os pães da cesta,evitando assim olhá-la.
O garçom chegou,e nem licença pediu já que nada interrompia , estendeu o cardápio aos dois e esperou com um sorriso no rosto,este não retribuído ou sequer notado por ambos.Com um certo desdém nos dedos apontou para uma salada no cardápio , pedia esta porque seria mais de fácil preparo e digestão , fez ele o mesmo e pediu um cinzeiro e uma bebida.O garçom sem mais delongas , saiu em direção ao balcão.
Olhava para as mãos ou para chão queria ela não olhar praquele que descerá junto do carro,o silêncio era gritante,de minuto a minuto era quebrado apenas pelo mastigar do pão torrado.
Ele saiu em direção ao banheiro, demorou muito tempo por lá e voltou com as mãos secas,mas com um sorriso meio aberto na boca, mas que desapareceu assim que sentou na mesa já enfaiscada.
Precisava partir de alguma parte uma indignação por aquela noite , por esta não , pelas passadas que foram brindadas com corpos ardentes e presentes de paixão.Se lembravam de quando deixavam o mundo falando sozinho,para sozinho ficarem.Sim sabiam os dois que um dia foram apaixonados, e perdiam o apetite não por desanimo mas sim para poder enamorar o olhar do outro .
O garçom chegou e serviu a salada errada , mas nenhum dos dois sequer reparou nisso.Perguntou se a dama bebia algo , e a resposta foi um silêncio cujo ele não entendeu , preferiu assim trazer um suco de laranja com açúcar e gelo.
Ela limpava a boca pela quarta vez , afim de tirar aquele batom que já não combinava com a triste noite , esperava dele uma resposta , uma frase de mal amor ou traição , aguardava de si um cansaço valente que daria fim aquela noite . Assim fez.
Foi em direção ao balcão e pediu a conta , ele nem notou que ela tinha saído da mesa , percebeu assim quando ela deixou o restaurante e virou a esquina com um guardanapo sujo de batom na mão.
Sem reação voltou a brincar com a cesta de pães.